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III Encontro Sobre Uso Racional de Medicamentos reforça importância da atuação farmacêutica na segurança do paciente

Nesta quarta-feira (7), ocorreu o III Encontro Sobre Uso Racional de Medicamentos, uma iniciativa do Serviço de Farmácia Clínica do Hospital Metropolitano Dom José Maria Pires, unidade gerenciada pela Fundação Paraibana de Gestão em Saúde (PB Saúde). O evento, que aconteceu nos turnos da manhã e da tarde no auditório do Uniesp Centro Universitário, contou com uma programação que reuniu palestras, debates e apresentação de trabalhos científicos.
O Encontro é realizado em alusão ao Dia Nacional do Uso Racional de Medicamentos, celebrado em 5 de maio, data que surgiu a partir de uma mobilização estudantil de Farmácia e que hoje é lembrada por instituições de ensino, conselhos de classe, Ministério da Saúde e entidades da área farmacêutica. A proposta é chamar atenção para os riscos do uso inadequado de medicamentos e reforçar a importância de práticas seguras, tanto nos serviços de saúde quanto em ambientes domiciliares.
Na abertura do evento, a vice-presidente do Conselho Regional de Farmácia da Paraíba, Magna Fernanda Almeida Durão, elogiou a iniciativa e reforçou a importância do tema. “Queremos parabenizar todos os envolvidos por estarem à frente de um evento desse porte. Conscientizar a população e formar profissionais preparados é essencial. Hoje, temos um cenário preocupante: o SUS gasta cerca de R$ 2,5 bilhões ao ano com a compra de medicamentos e cinco vezes esse valor para tratar as consequências do uso indevido. Isso mostra como o trabalho do farmacêutico é essencial e impacta diretamente na sustentabilidade do sistema de saúde."
Magna ainda reforçou o protagonismo da categoria. “Cerca de 70% dos farmacêuticos estão em farmácias e drogarias, e são procurados pela população com frequência, muitas vezes antes mesmo de uma consulta médica. É um contato direto com o cuidado, que pode fazer toda a diferença”, frisou a vice-presidente do CRF-PB.
Já o coordenador de Farmácia Clínica do Hospital Metropolitano, Felipe Piris, destacou o papel estratégico do farmacêutico na promoção da segurança do paciente. “O uso racional de medicamentos é uma responsabilidade coletiva, mas o farmacêutico tem uma missão central nesse processo. Aqui no Metropolitano, buscamos constantemente desenvolver protocolos e capacitar nossas equipes para reduzir riscos, evitar interações perigosas e garantir que cada prescrição seja uma oportunidade de cuidado seguro e efetivo", relatou o gestor.
A programação do turno da manhã contou com a palestra da farmacêutica clínica Rayssa Marques Duarte da Cruz, que abordou a atuação do farmacêutico no protocolo de interação entre medicamentos e alimentos, além da compatibilidade de medicamentos administrados por sonda.
"Essa prática clínica previne eventos adversos, perdas terapêuticas e até quadros de toxicidade. O farmacêutico, ao atuar diretamente na validação dessas interações, contribui de forma decisiva para a segurança e eficácia do tratamento do paciente", ressaltou Rayssa.
Na sequência, a farmacêutica Roseane Lima Wanderley trouxe reflexões sobre a farmácia oncológica e a assistência farmacêutica especializada no cuidado ao paciente com câncer, ressaltando os desafios e a importância da atuação multidisciplinar nesses contextos clínicos complexos.
Ainda pela manhã, o coordenador Felipe Piris deu continuidade à programação com a palestra Uso racional de medicamentos e redução de custos hospitalares em hospital do SUS. Na ocasião, ele destacou os principais pilares do uso racional de medicamentos, enfatizando a importância da individualização da dose conforme a condição clínica do paciente, considerando fatores como disfunção renal, peso e idade. Além disso, ressaltou a necessidade de atenção ao tempo de tratamento, que deve ser adequado para evitar tanto o uso excessivo quanto o insuficiente dos fármacos.
“O uso criterioso dos medicamentos permite intervenções qualificadas junto ao prescritor, promovendo não só segurança ao paciente, como também economia para o serviço. Como exemplo prático, temos os resultados da Farmácia Clínica do Hospital Metropolitano, onde, em 31 meses, as intervenções realizadas geraram uma economia de aproximadamente R$ 350 mil à instituição”, pontuou o gestor.
O dia seguiu com mesa redonda sobre o uso de opioides e psicofármacos, apresentação e avaliação de trabalhos científicos, além da premiação dos melhores projetos. A realização do III Encontro reforça o compromisso da PB Saúde com a qualificação profissional, a educação permanente e o fortalecimento da cultura de segurança do paciente. Nas palavras da coordenadora do Núcleo de Educação Permanente da PB Saúde, Juliana Carreiro, "investir em conhecimento é investir em cuidado de qualidade".
O evento também chamou atenção para a circulação de medicamentos como o Mounjaro, ainda não comercializado no Brasil, mas já associado a riscos e contrabando. O alerta serve como reforço à importância da prescrição e do uso consciente dos medicamentos, sempre com acompanhamento profissional.